sexta-feira, 30 de abril de 2010

A Primeira Maratona ...


Hoje eu reservo este espaço para prestar uma homenagem a todos os corredores que fizeram da Maratona Internacional de São Paulo sua primeira experiência em provas de 42km, mas em especial ao meu irmão, que hoje completou sua primeira maratona. Aos 54 anos e depois de uma vida inteira de tabagismo e sedentarismo, me emociono ao vê-lo completar esse desafio. Graças ao seu exemplo, entusiasmo e às nítidas mudanças na sua qualidade de vida, hoje quase toda nossa família está praticando a corrida de rua.

Parabéns meu irmão "Willy" (como te chamam na equipe) por sua conquista. Não sei se um dia serei um maratonista, mas certamente você vai continuar sendo minha referência no longo caminho que ainda tenho que trilhar na busca dos benefícios que a corrida nos traz.

Deixo aqui algumas palavras de Dean Karnazes¹ para você, acredito que ele tenha conseguido reproduzir com uma incrível fidelidade o que é uma primeira maratona.


"Cruzar a linha de chegada de uma maratona pela primeira vez é um momento com consequencias para toda a vida. Ao fazê-lo, prova-se algo para si mesmo que jamais será tirado. Deixa-se o evento com sinais evidentes de que se é forte, jovial e corajoso.

Uma coisa é
imaginar que se tenha a capacidade para correr uma maratona; outra bem diferente é saber, porque o fez. As primeiras maratonas são imensamente desafiadoras, até mesmo para os corredores mais talentosos. Quarenta e dois quilômetros são um longo caminho a percorrer, para qualquer pessoa. A partir do momento que se é capaz de assumir e superar um desafio de tais proporções, os benefícios são certos - na forma de confiança, respeito próprio e coragem -, e nunca desaparecem.

Mesmo que o processo de treinamento para uma maratona não seja extremamente estimulante para a saúde, ainda assim sugeriria a todos que corressem pelo menos uma maratona, apenas pelos efeitos poderosos que provoca na mente e no espírito. Afinal, não passamos a maior parte da vida duvidando de nós mesmos, pensando que não somos bons o suficiente, não fazemos o certo? A maratona proporciona a oportunidade de encarar essas dúvidas. Ela tem uma forma de analisar o contexto da nossa própria existência, eliminando todas as barreiras protetoras e expondo nossa alma. A maratona diz que o prejudicará, que você ficará desmoralizado e derrotado como um amontoado inerte ao lado da estrada. Ela diz que não pode ser feita - não por você. Ah! ela zomba de você. Somente nos seus sonhos!

Então, você treina pesado; dedica-se de todo o coração; sacrifica-se e supera os inúmeros pequenos desafios ao longo do caminho. Deposita tudo que conseguiu nela. Mas sabe que a maratona exigirá muito mais de você. Nas profundezas escuras da mente uma voz pessimista está dizendo: Você não consegue. Você se esforça ao máximo para ignorar essa insegurança, mas a voz não o abandona.

Na manhã da primeira maratona, a voz da dúvida se multiplica, tornando-se um coro completo. Na altura do quilômetro 30, esse coro está gritando tão alto que é só o que você consegue escutar. Os músculos doloridos e esgotados imploram que você pare. Você deve parar. Mas você não para. Dessa vez foi a voz da dúvida; ignora aquele que diz que você não é bom o suficiente, e só ouve a paixão no seu coração. Esse desejo ardente diz para continuar, para colocar uma pé audaciosamente à frente do outro, e em algum lugar você encontra a força de vontade para fazê-lo.

A coragem surge de diversas formas. Hoje você descobre a coragem para continuar tentando, para não desistir, por mais terríveis que as coisas se tornem. E elas se tornarão terríveis. Na marca do quilômetro 40, você quase não conseguirá ver mais o percurso - a visão se torna vaga e vacilante ao mesmo tempo que a mente oscila nos limites da consciência.

E então, repentinamente, a linha de chegada floresce à sua frente, como um sonho. Um nó se forma na garganta durante o percurso daqueles poucos passos finais. Agora, você finalmente consegue responder à irritante voz com um inequívoco
Sim, eu posso!

Sua explosão ao cruzar a linha de chegada, cheio de orgulho, para sempre livre da prisão da insegurança e das limitações autoimpostas que o mantiveram prisioneiro. Você aprendeu mais sobre si mesmo nos últimos 42 quilômetros do que em qualquer outro dia de sua vida. Mesmo que não consiga andar mais tarde, você nunca foi tão livre. Completar uma maratona é mais do que apenas algo que se ganha; um maratonista é alguém em quem você se transforma.


Enquanto estiver sendo ajudado na linha de chegada, (...) mal conseguindo levantar a cabeça, você está em paz. Nenhuma luta, dúvida ou fracasso futuros podem remover o que realizou hoje. Você fez o que poucos farão - o que pensou jamais conseguir fazer -, e é o despertar mais glorioso e inesquecível. Você é um maratonista e usará essa distinção não na lapela, mas no coração, para o resto da vida."


¹ Trecho do livro "50 Maratonas em 50 Dias", de Dean Karnazes.
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