quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Choque de Realidade

O dia foi 17 de Janeiro de 2010. Mais uma prova de 10Km para o currículo, e a certeza que eu entraria no meu melhor ano nas corridas. Eu mal desconfiava que essa seria a última vez no ano que eu estava calçando um tênis de corrida.

Depois da cirurgia no Polegar, e do diagnóstico de artrose no quadril esquerdo (agravada pela síndrome de impacto ) fiz a cirurgia artroscópica no quadril para solucionar o problema do impacto, que teve sucesso absoluto.
Esta semana completei cinco meses de pós cirurgia e eu estava muito ancioso pelo retorno ao médico, a espera da alta para poder voltar a correr. Depois de duas horas de conversa no consultório, e no dia seguinte ter uma segunda opinião exatamente na mesma linha, eu tomei um choque de realidade, estes são os fatos:

- Artrose é uma doença crônica degenerativa. Ou seja, não tem cura e nunca melhora, só piora.
- Não existe no mundo nenhum tratamento, procedimento, droga ou terapia que comprovadamente regenere o tecido da cartilagem.
- A corrida acelera e muito o processo degenerativo na articulação já acometida pela artrose, podendo inclusive ter sido a causa da lesão.

Com base nos fatos acima, a conclusão é que um dia eu certamente vou ter que colocar uma prótese no meu quadril. Pode ser com idade avançada ou pode ser daqui há alguns anos, vai depender do meu comportamento de agora em diante. Um agravante é que a prótese não é para a vida toda, ela tem prazo de validade (cerca de 10 anos) e a cirurgia para trocá-la pode ser extremamante traumática, existem casos em que o paciente simplesmente não pode fazer a troca por não possuir tecido ósseo para fixar a nova prótese. Portanto, embora pareça ser inevitável no meu caso, quanto mais tarde melhor.

De qualquer forma ainda não estou de alta para correr, o médico quer que eu perca peso (de 8 a 10 quilos) e fortaleça ainda mais a musculatura, mas mesmo colocando essas duas condições, ele ainda me desaconselha fortemente a voltar a correr.

Diante disso estou dando adeus ao sonho de um dia cruzar a linha de chegada dos 42.195, e nunca mais vou fazer uma meia-maratona, a São Silvestre ou as provas de 10 milhas. Enquanto trabalho na perda de peso tenho que decidir o que fazer, meu fisioterapeuta me sugeriu mudar de esporte e praticar ciclismo, forte, com uma assessoria. Eu sinceramente ainda não sei, ainda estou assimilando o choque. Mesmo que me dedique a corrida leve apenas uma vez na semana, para complementar o ciclismo, acho que sempre vou ficar preocupado por estar acelerando o processo da artrose.

Não é fácil, a paixão pela corrida é tão grande que mesmo com todos os fatos ainda não estou decidido a parar. O que eu sei por enquanto é que 2010 se foi, e com ele meus planos de voltar a correr em outubro.

domingo, 26 de setembro de 2010

Desafios

Enquanto eu continuo de molho aguardando a liberação médica para voltar a correr, hoje vou abrir o espaço do corronarua para um texto de uma amiga de equipe.

DESAFIOS

Desafios são necessários para movimentar nossa vida. Na verdade, todos os dias encaramos alguns desses, pequenos ou grandes, mais fáceis de vencer ou "carne de pescoço" como chamamos aqueles que tomam mais tempo e energia.

Hoje consegui vencer mais um. Correr na chuva e com a temperatura amena. Parece fácil? Prá mim não. Friorenta, acho que só encarei o tempo feio nos treinos uma vez, porque não tinha outro jeito. Já estava correndo na USP quando o temporal caiu e o treinador, como sempre, estava lá para, a cada reclamação, nos lembrar que não somos feitos de açúcar.


Dri (PQNA) e Patty, pois faríamos a prova juntas - Dri, aliás, foi quem, gentilmente me convidou para a prova. Começou a chuva. Forte, com um som que parecia um chamado para voltar para a cama quentinha. Não fraquejei. Entrei no carro das meninas e fui em frente. Na largada, que parecia não ser dada nunca mais, nós três brincávamos e tentávamos fazer os amigos Newton, Jura e Lia nos enxergar. Não deu certo, mas funcionou, o tempo passou rápido e logo a corrida começou.


Foram cinco quilômetros debaixo de chuva. Não fez diferença. Foi tão legal quanto correr em dias de sol maravilhosos. Tive a mesma energia e a mesma alegria. Fiquei feliz quando a "tropa de elite" passou por mim. Jura, perguntando pelo Gamella, claro, e Lia, sem perder a concentração na importância de sua primeira meia maratona, ainda lembrou de me parabenizar pela prova feita na Argentina. Não vi o Newton, mas foi bom, porque com certeza ele diria que a foto que enviei da corrida em Buenos Aires não passou de um efeito do photoshop.


Venci mais um desafio, encontrei motivos para não fugir mais do mau tempo e ganhei mais experiência. Meu ritmo foi ruim, não estava no meu melhor dia, mas isso é só um detalhe. A dimensão dos desafios, na verdade, não importa, pois estes poderão ser vencidos da mesma forma. A satisfação e a alegria foram exatamente as mesmas nos diversos momentos. O primeiro treino só correndo o tempo todo, sem intercalar com a caminhada; a primeira corrida oficial com a equipe; a primeira prova de revezamento com amigos focolinos; o primeiro treino no Jaraguá; os primeiros 10 km; as primeiras 10 milhas da Mizuno (16 km); o primeiro treino de 18 km; a primeira meia maratona; e...a primeira corrida na chuva, com frio.

Vou concluir esse texto com uma frase de um líder budista tibetano. "Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver". Dalai Lama.

Fazer parte da equipe "Foca And Friends" está me ensinando a viver o hoje, valorizando cada vitória nos treinos e nas corridas. Hoje tive saúde, paz, disposição e apoio de amigos maravilhosos para fazer 5 km em 34' (ritmo de 6'47"). Mais uma vitória da vida!!!


* Jornalista integrante da equipe de corrida Foca And Friends desde 2008
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