Esta é a história do Joca, e também a história do Neto.
O Joca, um corredor nato. Segue religiosamente as rotinas de treino, faça chuva ou sol. Compromissos - só se for possível acomodar o treino.
O Neto, um alcoólico consciente típico. Vive em luta constante fugindo do primeiro gole, mas uma vez vencido, passa semanas continuamente embriagado, 24 horas por dia até que o organismo já não permita que ele consiga sequer sair da cama para a próxima dose.
O Joca segue uma alimentação muito bem equilibrada, enquanto o Neto come torresmo, coxinha, ovo cozido, enfim, o que estiver no balcão do boteco. O Joca acorda cedo e procura ter uma rotina adequada a um atleta, o Neto dorme de acordo com o nível de álcool, se estiver baixo corre a procura da próxima dose para não ter abstinência, além de fumar compulsivamente.
O Joca é maratonista, e com seus 61 anos faz 10Km em incríveis 47 minutos. Já o Neto mal consegue andar em linha reta. O Joca é prestativo, amigo, companheiro e em paz com a vida, já o Neto não respeita nada além da sua própria vontade, magoando a todos que o amam, minando os alicerces das amizades mais fieis.
Domingo, Airton Senna Racing Day. Quis o destino que o Joca e o Neto estivessem juntos, em uma só pessoa. Isso mesmo, lá estava o cambaleante Joca Neto em uma de suas crises de alcoolismo, mas insistindo em correr as duas voltas do revezamento que faria com os meus irmãos.
Ainda que não esteja mais treinando com a assessoria, o Foca e sua equipe de professores amorosamente o acolheram na tenda, prestando os cuidados que uma pessoa naquele estado necessitava. E como sempre olhando para a sua integridade e o melhor para o Joca, o impediu de correr. Sabemos como um ébrio pode ser chato e recalcitrante, mas ainda assim conseguiram que ele não participasse da prova.
Deixo meus agradecimentos ao Foca e aos professores pelo apoio que foi dado ao Joca, e fica nossa torcida para que ele possa em breve se recuperar de mais essa crise e volte a correr de verdade.