terça-feira, 6 de dezembro de 2011

O Bêbado e o Corredor

Esta é a história do Joca, e também a história do Neto.
O Joca, um corredor nato. Segue religiosamente as rotinas de treino, faça chuva ou sol. Compromissos - só se for possível acomodar o treino.
O Neto, um alcoólico consciente típico. Vive em luta constante fugindo do primeiro gole, mas uma vez vencido, passa semanas continuamente embriagado, 24 horas por dia até que o organismo já não permita que ele consiga sequer sair da cama para a próxima dose.

O Joca segue uma alimentação muito bem equilibrada, enquanto o Neto come torresmo, coxinha, ovo cozido, enfim, o que estiver no balcão do boteco. O Joca acorda cedo e procura ter uma rotina adequada a um atleta, o Neto dorme de acordo com o nível de álcool, se estiver baixo corre a procura da próxima dose para não ter abstinência, além de fumar compulsivamente.

O Joca é maratonista, e com seus 61 anos faz 10Km em incríveis 47 minutos. Já o Neto mal consegue andar em linha reta. O Joca é prestativo, amigo, companheiro e em paz com a vida, já o Neto não respeita nada além da sua própria vontade, magoando a todos que o amam, minando os alicerces das amizades mais fieis.

Domingo, Airton Senna Racing Day. Quis o destino que o Joca e o Neto estivessem juntos, em uma só pessoa. Isso mesmo, lá estava o cambaleante Joca Neto em uma de suas crises de alcoolismo, mas insistindo em correr as duas voltas do revezamento que faria com os meus irmãos.

Ainda que não esteja mais treinando com a assessoria, o Foca e sua equipe de professores amorosamente o acolheram na tenda, prestando os cuidados que uma pessoa naquele estado necessitava. E como sempre olhando para a sua integridade e o melhor para o Joca, o impediu de correr. Sabemos como um ébrio pode ser chato e recalcitrante, mas ainda assim conseguiram que ele não participasse da prova.

Deixo meus agradecimentos ao Foca e aos professores pelo apoio que foi dado ao Joca, e fica nossa torcida para que ele possa em breve se recuperar de mais essa crise e volte a correr de verdade.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Um ano depois...

Na verdade foi um ano sem atividade no Blog, e 21 meses sem atividade física. Muita água passou por baixo da ponte, muita gordura nova acumulada em meu abdomen. Durante esse tempo procurei manter contato com a equipe de corrida pois os laços de amizade são fortes, e também com a esperança de poder voltar um dia a correr.

Como parte desse vínculo, sempre que posso vou com a turma para Bertioga. A atmosfera da prova de revezamento até Maresias é especial, eu já corri 3 vezes e ainda vou correr outras, ainda que sejam trechos curtos.

Mas dessa vez eu fui para percorrer os 75Km, ao lado de um maluco da equipe que estava lá para fazer solo. Eu seria seu apoio e sua sombra durante todo o percurso, pedalando ao seu lado.

E lá fomos nós. O Foca e o Jura eram os heróis do solo, meu irmão Willy estava correndo ao lado dos dois para fazer um longão até o km 30, eu e meu irmão mais velho fomos de bike, um para cada Corredor.
Meu irmão, eu e a Patty antes da prova

O tempo estava bom e o pessoal bem descontraído no começo da prova, em meados do trecho 3 o grupo começou a se dispersar. Fiquei ao lado do Jura, que já estava entrando em uma outra "fase" da prova, se concentrando. Fui ao seu lado até o trecho de trilhas, onde obrigatoriamente tivemos que dar uma certa distância, pois lá só passa um de cada vez.

Assim fomos, nos postos de controle eu disparava um pouco na frente para abastecer a mochila - Água, isotônico, lanche, etc.. Eu aproveitava e fazia um lanchinho, é claro.

Parada perto do PC6 para reabastecimento
O Jura aproveitava as subidas para cuidar da alimentação e se hidratar. Impressionante a capacidade de concentração dele na prova, a cadência na passada e firmeza com que ele conduzia a prova. Certamente os treinos foram muito bem feitos.
No topo da subida do trecho sete, lá estava a visão mais linda de toda a prova. Pena que não tenho nenhuma foto para compartilhar.

Descemos e entramos na praia de Juquiá -  mas o que foi aquilo? Maré subindo, areia fofa, impossível pedalar! tentei inclusive ir pela água, mas mesmo ali as rodas afundavam de uma forma que tornava cada pedalada um martírio. O Jura acabou abrindo, eu pedalei +- 1Km nessa areia, mas não deu mais. Começaram as cãibras na coxa.

Desci da Bike e levei até a rua, continuei pedalando até o PC7, e entreguei a magrela para o meu irmão, a essa altura ela já estava completamente travada, sem graxa nos rolamentos e com a corrente cheia de areia. Fui de carro com a Patty até o PC8, comecei a trotar no caminho de volta para encontrar o Foca, e voltamos juntos até o PC8. Essa foi a primeira vez que arrisco correr um pouco depois da cirurgia, foi um Km apenas, mas um prazer enorme por estar ali, por ter conseguido pedalar por mais de 50Km, e por estar ao lado do Foca dando uma força.

Chegada do Foca

Chegada do Jura
A linha de chegada consagrava o esforço de todos, a festa das equipes acompanhando seu último corredor, e a apoteose para os solos.

Enfim, um sábado inesquecível. Um marco para mim pois decidi voltar a fazer atividade física - de bike, correndo, sei lá. Por enquanto meu objetivo é permanecer ativo.

sábado, 5 de novembro de 2011

O Fim da Silvestre! - Por Antônio Colucci

Pessoal, Ainda que eu esteja fora das corridas (como corredor), não pude deixar de sentir a mesma indignação que o nosso amigo Colucci. 

A São Silvestre foi a prova que me fez descobrir a corrida, quando pela primeira vez me flagrei com os olhos mareados ao sentir a emoção de ver meu irmão, uma pessoa comum, atravessar a linha de chegada com um sorriso enorme, misturando prazer e dor, sob uma chuva fina e persistente que deixaria qualquer um de mal humor.

É impossível entender essa emoção sem estar lá na Av. Paulista, vendo ou participando dessa festa da chegada. Por favor leiam a matéria do Colucci no SportClick, e se você compartilha do nosso sentimento, faça o que estiver ao seu alcance para tentar mudar isso.

Deixo aqui o link do blog do Colucci.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Choque de Realidade

O dia foi 17 de Janeiro de 2010. Mais uma prova de 10Km para o currículo, e a certeza que eu entraria no meu melhor ano nas corridas. Eu mal desconfiava que essa seria a última vez no ano que eu estava calçando um tênis de corrida.

Depois da cirurgia no Polegar, e do diagnóstico de artrose no quadril esquerdo (agravada pela síndrome de impacto ) fiz a cirurgia artroscópica no quadril para solucionar o problema do impacto, que teve sucesso absoluto.
Esta semana completei cinco meses de pós cirurgia e eu estava muito ancioso pelo retorno ao médico, a espera da alta para poder voltar a correr. Depois de duas horas de conversa no consultório, e no dia seguinte ter uma segunda opinião exatamente na mesma linha, eu tomei um choque de realidade, estes são os fatos:

- Artrose é uma doença crônica degenerativa. Ou seja, não tem cura e nunca melhora, só piora.
- Não existe no mundo nenhum tratamento, procedimento, droga ou terapia que comprovadamente regenere o tecido da cartilagem.
- A corrida acelera e muito o processo degenerativo na articulação já acometida pela artrose, podendo inclusive ter sido a causa da lesão.

Com base nos fatos acima, a conclusão é que um dia eu certamente vou ter que colocar uma prótese no meu quadril. Pode ser com idade avançada ou pode ser daqui há alguns anos, vai depender do meu comportamento de agora em diante. Um agravante é que a prótese não é para a vida toda, ela tem prazo de validade (cerca de 10 anos) e a cirurgia para trocá-la pode ser extremamante traumática, existem casos em que o paciente simplesmente não pode fazer a troca por não possuir tecido ósseo para fixar a nova prótese. Portanto, embora pareça ser inevitável no meu caso, quanto mais tarde melhor.

De qualquer forma ainda não estou de alta para correr, o médico quer que eu perca peso (de 8 a 10 quilos) e fortaleça ainda mais a musculatura, mas mesmo colocando essas duas condições, ele ainda me desaconselha fortemente a voltar a correr.

Diante disso estou dando adeus ao sonho de um dia cruzar a linha de chegada dos 42.195, e nunca mais vou fazer uma meia-maratona, a São Silvestre ou as provas de 10 milhas. Enquanto trabalho na perda de peso tenho que decidir o que fazer, meu fisioterapeuta me sugeriu mudar de esporte e praticar ciclismo, forte, com uma assessoria. Eu sinceramente ainda não sei, ainda estou assimilando o choque. Mesmo que me dedique a corrida leve apenas uma vez na semana, para complementar o ciclismo, acho que sempre vou ficar preocupado por estar acelerando o processo da artrose.

Não é fácil, a paixão pela corrida é tão grande que mesmo com todos os fatos ainda não estou decidido a parar. O que eu sei por enquanto é que 2010 se foi, e com ele meus planos de voltar a correr em outubro.
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